A seleta lista de ações da MOS Capital, antiga Teorema, para 2021 30/12/2020

Com apenas 12 ações em carteira e cerca de 60 cotistas atualmente (com a ideia de crescer para 5 mil), a <strong>MOS Capital, antiga Teorema</strong>, combina em sua estratégia a preservação de capital, relativa concentração de ativos e baixo giro de portfólio. Nos últimos 3 anos, a gestora, que tem como seu maior investidor a família de Guilherme Affonso Ferreira (um dos maiores investidores do país), comprou apenas 3 papéis — o último, as ações de Yduqs (YDUQ3) em setembro deste ano, mas ainda uma posição pequena.

Prezando por uma avaliação criteriosa dos ativos — dificilmente a gestora entra em uma posição para sair em menos de 3 anos –, o único fundo da casa, o MOS FIA, rendeu 57,49% nesses últimos 36 meses, contra 28,47% do seu benchmark (IPCA mais os juros do IMA-B 5+, índice composto por uma cesta de títulos Tesouro IPCA+ que vencem em mais de cinco anos) e 54,16% do Ibovespa.

“Compramos empresas de qualidade, que julgamos boas opções para sermos sócios. Para isso, somos bastante criteriosos com a seleção dos papéis e com os valuations”, explica <b>Fernando Fanchin, sócio e gestor da MOS Capital, em entrevista à EXAME Invest</b>.

Segundo ele, o valuation é importante não apenas para definir o ponto de entrada, mas também o tamanho das posições. “Não trocamos muito de ações, mas se temos uma determinada empresa com boas perspectivas e valuation atrativo, aumentamos a alocação. Se achamos que as condições pioraram, diminuímos. Somos mais ativos no tamanho do que nas posições”, comenta. A ideia é ter sempre entre 10 a 15 empresas no portfólio.

Entre as principais apostas para 2021, estão: Rumo (RAIL3), M.Dias Branco (MDIA3) e Iochpe-Maxion (MYPK3). São papéis que foram castigados esse ano — ambos acumulam retorno negativo, de 25,17%, 10,14% e 34,14%, respectivamente –, mas de forma injustificada, acredita Fanchin, que vê nessas ações os maiores potenciais de valorização do portfólio.

Veja abaixo os principais destaques da entrevista de Fernando Fanchin à <a href="https://exame.com/invest/"><strong>EXAME Invest</strong></a>:

De Teorema para MOS Capital

A transformação neste ano da Teorema em MOS Capital veio com o objetivo de aumentar a base de acionistas, até então concentrada na família de Guilherme Affonso Ferreira. O objetivo, diz, é ampliar dos cerca de 60 atuais para a casa de 5.000 cotistas.

Apesar de ter investimento mínimo inicial de 5.000 reais, a aplicação no fundo MOS FIA é restrita aos investidores qualificados — ou seja, aqueles com mais de 1 milhão de reais investidos. Por isso, ele acredita que não vão se tornar um fundo com dezenas, centenas de milhares de cotistas. “Não é muito nosso perfil.”

Segundo Fanchin, a procura principal deve vir de alocadores institucionais, multi family offices e investidores estrangeiros. “Nossa impressão é que vamos crescer com ticket médio maior, mas também não vamos continuar com o tamanho da base atual.”

A decisão de deixar o fundo restrito a investidores qualificados faz parte da filosofia da casa, explica. “Queremos gerar retorno positivo consistente ao longo do tempo. Entendemos que o custo de oportunidade para quem investe conosco deve ser a taxa de longo prazo do país, não a Bolsa. Mas, para o público em geral, não podemos cobrar taxa de performance que não seja de índice de mercado. Não teríamos problema nenhum em ter um fundo para público em geral se pudéssemos cobrar o nosso benchmark, mas a legislação não permite”. O benchmark do fundo é IPCA mais os juros do IMA-B 5+.

“Queremos ter retorno positivo todo ano, independentemente do mercado. Claro que é mais fácil falar do que colocar em prática, mas neste ano, na parte mais aguda da crise, chegamos a ficar 15 pontos acima do Ibovespa: enquanto o índice caiu 20%, nós caímos 5%”.

Ele diz que o objetivo é a preservação de capital. “Na nossa opinião, é bom subir todo ano, mas em cenários altistas, temos desempenho aquém do Ibovespa. Se a Bolsa cair, queremos ficar no zero a zero e isso parte do porquê temos como público-alvo o investidor qualificado”.

No ano, o fundo acumula alta de 2,16%, contra valorização de 7,97% do seu benchmark e 3,01% do Ibovespa. Nos últimos 60 meses, a rentabilidade acumulada é de 182,9%, contra 58,66% do benchmark e 172,2% do índice.

Além disso, ele explica que gosta de ter flexibilidade de investir em empresas que são listadas fora do país, como a XP e Stone. “Queremos ter a possibilidade de ter até 40% do capital em investimento nesse tipo de empresa e, para público em geral, poderíamos ter até 20%. Hoje, não temos exposição a esses ativos listados, mas queremos ter essa liberdade. Nosso time de analistas está estudando a XP, por exemplo. Mais dias, menos dias, poderemos ter em carteira”.

Outro ponto, explica, é a possibilidade de usar derivativos como proteção. “Atualmente, só compramos proteção quando achamos que o mercado está eufórico. Nesse caso, compramos puts (opções de venda). Esse tipo de operação é possível fazer para público em geral, mas se quiséssemos montar uma estrutura mais complexa, não conseguíriamos”.

O que espera do Ibovespa

Em relação ao cenário para Bolsa para o ano que vem, ele diz que está mais para “indiferente” do que otimista ou pessimista.

“Já estivemos mais conservadores em agosto, uma vez que o mercado tinha mostrado uma recuperação muito rápida desde março e abril. Em agosto, estávamos mais cautelosos também porque não víamos uma visibilidade de retomada econômica e vacinas. Agora, com vacinas, entendemos que vamos ter um ano de mais normalidade pela frente, o que vai produzir resultados melhores para a maior parte das empresas.”

No entanto ele comenta que o mercado já se ajustou a essa realidade, boa parte por conta da forte entrada de fluxo estrangeiro nos últimos meses na Bolsa brasileira. “Olhando para o Brasil, não acho que o valuation esteja tão atrativo, até porque se avaliarmos a situação das contas públicas, com a inflação podendo incomodar ano que vem, falta de reformas, isso nos deixa menos otimistas em relação ao cenário pela frente.”

Ainda assim, ele aponta que os investidores brasileiros estão sem alternativas. “Isso ficou claro na crise, com locais bem resilientes porque o custo de oportunidade baixou muito no país. O investidor não tem muito para onde correr e vai para Bolsa.”</p>

No geral, ele diz que está com uma visão mais neutra, vendo uma certa acomodação nos preços.

Texto publicado na Exame Invest

Data: 29/12/2020

Por: Paula Barra